COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO



Alexandre Tenório



NELSON GUARDA ( O TAMPA)

Por Alexandre Tenório

Escritor e empresário

Todos os bonconselhenses que frequentaram o CINE BRAZILIA na década de 60,70,80, conheceram NELSON GUARDA. Estatura mediana, cor morena, cabelo sempre preto, cara fechada, não dava um sorriso para ninguém, tinha um porte de soldado americano depois da gripe, corpo forte, ou seja, dispunha respeito. Quando a fita quebrava e a negrada começava a bater nas cadeiras e assoviar, era Nelson Guarda quem descia com seu Valdemar Guedes, pronto para colocar para fora os maus elementos, e todo menino que se prezasse tinha medo do Nelson Guarda.

Nunca vi Nelson Guarda sem a sua farda cor de caqui, e seu quepe, ele se vestia do mesmo jeito dos soldados da policia militar daquela época, quem chegasse a nossa cidade e não conhecesse, Nelson Guarda, diria que ele fazia parte da força policial. Tanto fazia ser sábado, domingo ou feriado, que lá estava Nelson Guarda com o seu uniforme de policial, a noite ele vestia o seu capote serrano, pois era a única arma de que se punham os guardas noturnos, para combaterem o frio.

Durante muitos anos, Nelson Guarda trabalhou exclusivamente para Ivan Crêspo, e morava nos fundos da Drogaria Crêspo, que tinha saída para a ladeira da Rua do Ariú, hoje, chamada de Doralice Barbosa. Alguns dias depois da sua morte, eu procurei Ivan Crêspo para que ele comentasse sobre algum fato curioso de Nelson Guarda, então Ivan foi categórico, "o único fato que eu devo relatar sobre este cidadão, é que quando eu fui roubado, ele que era o guarda responsável para que isto não acontecesse, estava bêbado que nem um gambá".

Passado os anos, nós meninos, nos tornamos adultos e a figura de Nelson Guarda, passou a ser de uma pessoa normal, que não fazia medo a ninguém, Nelson Guarda era uma boa pessoa. Tenho certeza que o grande sonho de Nelson Guarda era ser um soldado, e tenho certeza que se ele fosse um soldado, teria sido um soldado Tampa.

ATÉ A PROXIMA SEMANA!