COLUNA ESPAÇO GENTE COM A PSICÓLOGA PATRICIA MIRANDA

VIOLÊNCIA CONTRA  CRIANÇA
E
ADOLESCENTE
“A violência invade a vida de muitas pessoas em todo o mundo, e toca a todos nós de alguma forma. Para muitas pessoas, permanecer longe da violência é somente uma questão de trancar portas e janelas e evitar os lugares perigosos. Para outras, escapar da violência não é possível. A ameaça de violência está atrás daquelas portas – bem escondida da visão pública.” (Gro Harlem Brundtland)
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), diz que a infância vai desde o momento do nascimento até os 12 anos de idade e que a adolescência começa aos 13 anos e termina aos 18. É nessa fase da vida que milhares de pessoas são violentadas diariamente.
Segundo pesquisas, a violência contra crianças e adolescentes está inserida na maioria dos casos dentro do seio familiar, e dentre esse quem mais agride são os pais biológicos. Acontece entre os dois sexos e não é diferenciada entre o nível sócio-econômico, religioso e cultural. A violência é repassada hierarquicamente, ou seja, os pais como seres “maiores” sentem-se donos dos filhos, e com isso acham que têm o direito de violentá-los das mais variadas formas. Esse acontecimento é prova de que a instituição família, a qual tem como papel social proteger suas crianças, fracassou por não ter cumprido suas funções. A violência quando está inserida no âmbito familiar é tida como violência intrafamiliar.
A violência não acontece naturalmente, mas é herança de gerações passadas. Sendo assim, a família que violenta os seus membros, está repassando para a sua nova geração o que viveu em tempos remotos, e conseqüentemente as vítimas atuais serão agressores dos seus filhos no futuro, e assim a violência vai se perpetuando.

Existem vários tipos de violência contra a criança e o adolescente.
Dentre elas estão:

A Violência Física: Quando ocorre algum ato de violência física é usada a força física inadequadamente para com as vítimas, e vai desde um tapa até torturas maiores como queimaduras, espancamentos, mordidas, empurrões, etc. Quem pratica a violência quer ou não ferir e pode deixar marcas ou não. Geralmente a mãe é quem mais agride fisicamente, pois culturalmente é quem mais educa os filhos. Os pais usam como justificativa para tal comportamento, que com essas atitudes estão caminhando para uma boa educação dos filhos. É difícil o agressor assumir sua culpa, geralmente apontam que a criança é mal comportada ou que elas se machucam através de quedas, brincadeiras, etc.

Segundo o art. 5º do ECA : “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei, qualquer atentado por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais.”

B – Negligência: a negligência também é um ato de violência e interfere no lado físico, intelectual, moral, emocional e social do adolescente, prejudicando seu desenvolvimento e seu bem-estar . Quando os pais ou responsáveis abandonam a criança ou o adolescente, está expressa aí a forma mais grave de negligência. Existem duas formas de negligência: a material e a emocional. Muitas vezes não ter comida na mesa não significa negligência e sim carência. A pior negligência é a do carinho, afeto, amor... esses são iguais ou mais responsáveis pelo desenvolvimento, do que bens materiais.

C – Violência psicológica: Esse tipo de violência pode ser pior do que a violência física e acontece quando a criança ou o adolescente é rejeitado, humilhado, discriminado, depreciado, desrespeitado e quando os castigos são desnecessários. Suas cicatrizes são emocionais.
Ela pode ser realizada isoladamente ou acompanhada de outra, como a física, pois é muito difícil um pai bater no filho em silêncio. É caracterizada quando o agressor chama a vítima de “burro”, quando diz “vou lhe deixar só”, “olha o homem da capa preta”, dentre outras. Esse tipo de violência é aceita culturalmente porque não é vista como agressão, as pessoas acreditam que não trazem seqüelas como a violência física. Geralmente quando um pai agride uma criança psicologicamente não tem a intenção de ferir.

D – Violência Sexual: É um outro tipo de violência onde crianças e adolescentes são vítimas no seu dia-a-dia, dentro da família, nas ruas, ou em qualquer lugar. A violência sexual, acontece de várias formas, desde o exibicionismo ao estupro, prostituição infantil, etc. Várias são as sequelas psicológicas e físicas,como a gravidez precoce e indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Obrigatoriamente não só no meio familiar acontecem esses tipos de violência , mas sim em qualquer meio frequentado pelas crianças e adolescentes.
Um dos grandes problemas existentes para se combater a violência contra crianças e adolescentes é a falta de denúncias. As pessoas se calam diante deste ato monstruoso que é vitimizar estes jovens, talvez por medo, mas é necessário saber que, quando não denunciamos, nos tornamos coniventes com o ato. É muito difícil acontecer denúncias partindo das próprias vítimas, pois essas têm medo de sofrer alguma represália por parte do agressor. Quando a violência é intrafamiliar, os componentes da família também não costumam denunciar, e se tornam cúmplices destes atos. Já quando acontece em outros locais, os familiares se tornam mais sensibilizados e tendem a denunciar.

É preciso que façamos nossa parte,
faça sua denuncia anônima, aqui em Bom Conselho, ligue para:
Centro Especializado de Assistência Social (CREAS) – 3771-1645
Conselho Tutelar – 3771-1812
Disk 100 do Governo Federal
Em outros locais procure esses órgãos do seu município.
“Criança feliz, que vive a cantar, alegre embalar seu sonho infantil. Ó meu bom Jesus, que a todos conduz, olhai as crianças do nosso Brasil!” ( Francisco Alves)

DR. PATRICIA GONÇALVES DE MIRANDA  PSICÓLOGA
PRESIDENTE DO COMDICA - TEREZINHA - PE
PSICÓLOGA DA PREFEITURA DE BOM CONSELHO - PE

Postar um comentário

0 Comentários