COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO


ALEXANDRE TENÓRIO - ESCRITOR
ERA TEMPO DE SEMANA SANTA 
(PARTE II)

         Como vimos anteriormente o senhor Gabriel Correntão e posteriormente Padre Gabriel Correntão, foi no tempo de padre Alfredo o responsável pela a grandiosidade da nossa semana santa, e tudo que se tem hoje ainda é reflexo do que ele deixou.
         A procissão do encontro que é belíssima, onde as imagens de Maria e Jesus saem de lugares diferentes, respectivamente levadas por mulheres e homens, e ao longo dos trajetos são reverenciadas por nossos cidadãos, e finalmente quando adentra na Praça Dom Pedro II e em frente da igreja matriz as imagens se encontram, a emoção toma conta de todos os homens que vêem com a imagem de Jesus e todas as mulheres que vêem com a imagem de Maria.
         A procissão de domingos de ramos é uma procissão radiosa, pois sobre ela cai o sol da manhã, e dificilmente uma procissão do domingos de ramos é com chuva.
         Certa feita resolveu fazer uma espécie de encenação no domingos de ramos, e colocaram um frade encima de um burro e saíram com ele na procissão, lembro-me muito bem que quando chegou à metade da Rua Joaquim Nabuco, o jegue estancou, e por mais que se fizesse força para o bicho desempacar, nada dava resultado, foi quando uma voz no meio da multidão gritou, enfia um pau no rabo do jegue que ele anda, de início aquilo causou uma indignação enorme nas pessoas, porém quando a coisa não teve jeito mesmo, arrumaram um pau e enfiaram no feofó do jegue, e não é que o bicho andou, e toda vez que ele inventava de parar, o cidadão responsável pelo o pau, entrava em ação, e assim foi até chegar à matriz, uma coisa foi certa, nunca mais ninguém quis colocar um jegue na procissão.
          Na terça-feira da semana santa iniciam-se os preparativos para a feira da quarta-feira. Neste período é quando está em plena safra à fruta Pitomba, e as pessoas dos sítios trazem uma grande quantidade desta fruta para vender na feira, e elas começam trazer logo na terça-feira, e quando chegam à noite os jovens vão para o corredor para comprar as pitombas e fazerem uma grande guerra de pitombas, e está noite é chamada de feira da pitomba. Sempre aparece negrinho com olho roxo, galo na cabeça etc.
         A feira da quarta-feira da semana santa se realiza no corredor, é uma tradição que remota do inicio do século XX. Para os senhores terem uma idéia, o corredor hoje chamado de Rua Agamenon Magalhães, era no começo do século XX, um próspero bairro, com vida social e econômica independente do resto de nossa cidade, tinha um comércio muito forte e com a maior concentração de armazéns de compras de cereais de nossa cidade, então esta feira vem desde este tempo, e sem sombra de duvida a feira da quarta-feira da semana santa é a maior feira de nossa cidade, onde temos uma diversidade muito grande de produtos, tantos da época da semana santa como outros produtos que nada tem haver com a semana santa, e, diga-se de passagem, a semana santa que é a semana para nós jejuarmos as pessoas fazem o contrário, é quando nós mais comemos.
         A quinta-feira maior, nos tempos idos era feriado, hoje o feriado é apenas na parte da tarde. É neste dia que acontece uma das mais bonitas cerimônias da semana santa, que é o lava pés, é quando o nosso pároco lava o pés de 12 varredores de rua, simbolizando o momento do evangelho quando Jesus lava e beija os pés dos seus apóstolos.
        Outro momento marcante na vida de nós bom-conselhenses, e que ainda continua até hoje, é quando na sexta-feira da paixão uma pessoa fica encima da igreja matriz tocando a MATRACA (a matraca é um instrumento de percussão, formado por tabuinhas movediças, ou argolas de ferro, que, ao serem agitadas, percutem a prancheta em que se acham presas e produzem uma série rápida de estalos secos).

                           AGUARDEM QUE TEM MAIS

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