A LEITURA CONTINUA SENDO UM GRANDE DISCERNIMENTO DA ALMA


SOLITÁRIO
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Poema de Augusto dos Anjos
Pelos lugarejos que andamos neste feriado prolongado, fizemos uma grande reflexão diante das belezas do sertão baiano, especialmente o entardecer que dava adeus a mais um dia que se ia. Ao som das correntezas do Rio São Francisco, fizemos uma leitura ao ar livre do poemas de Augusto dos Anjos, que nao conseguiu se adaptar a sua melancolia. A leitura continua sendo o ápice da inteligência humana.

Postar um comentário

0 Comentários