PM acusado em 2 assassinatos é encontrado morto em cela.

Um dos policiais suspeitos de executar dois homens no Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte, foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira na cela em que estava preso desde o dia anterior, no 1º Batalhão da Polícia Militar da capital mineira, no bairro Santa Ifigênia, zona leste da cidade. De acordo com o tenente coronel Alberto Luiz, assessor de comunicação da PM, a principal hipótese para a morte do cabo Fábio de Oliveira é a de suicídio.
Fábio teria se enforcado com um cordão retirado da bermuda que utilizava. Os outros 3 PMs suspeitos do crime seguem presos. Exames de necrópsia realizados pelo Instituto Médico Legal de Belo Horizonte apontaram que o estudante Jéferson Coelho da Silva, 17 anos, e o tio dele, o enfermeiro Renilson Veriano da Silva, 39 anos, "foram mortos com dois tiros, cada um, no peito disparados (sic) por armas de grosso calibre e a curta distância". Os dois foram assassinados no último sábado, a tiros de fuzil disparados por policiais militares do Batalhão Rotam.
Na quarta-feira, o sargento e os três soldados suspeitos foram presos e encaminhados a quartéis em BH. Os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Militar. Eles já estavam afastados desde segunda-feira, quando passaram a exercer serviços administrativos. A Polícia Civil informou que 15 testemunhas, entre parentes, amigos das vítimas e moradores da Serra já depuseram na delegacia que investiga as mortes. Os depoimentos contradisseram a versão dos militares. Uma mulher que teria visto a execução afirmou, inclusive, que os dois foram baleados quando já estavam dominados e deitados no chão.
As testemunhas confirmaram, ainda, que Jeferson Coelho da Silva e Renilson Veriano da Silva não tinham envolvimento com o crime. Outras sete testemunhas serão ouvidas nesta quinta-feira. Os militares alegaram que foram surpreendidos por um grupo armado composto por cerca de 15 pessoas que usavam fardas da PM. No boletim de ocorrência registrado pelos próprios PMs, foi relatado que o grupo atirou contra a viatura. Os militares teriam reagido e acertado as duas vítimas, que, ainda segundo os policiais, não estavam vestidos com as fardas, mas estavam com as roupas debaixo do braço.
Revoltados com o crime, moradores do Aglomerado da Serra, favela com cerca de 50 mil habitantes, promoveram manifestações e enfrentaram a PM no sábado e no domingo. Três ônibus foram queimados e seis pessoas presas nos protestos.

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