Brasileiro gosta de dar conselhos, segundo médico alagoano

Dr. Milton Hênio escreve:
Faz parte da vida do brasileiro dar conselhos aos amigos e parentes sobre os mais diversos assuntos. Na minha área nem se fala. É certíssimo aquele celebre aforismo que diz: “De médico e louco todo mundo tem um pouco”. É muito comum no meu consultório, como nos demais consultórios médicos, a mãe chegar com o filhinho doente e dizer que ele já vem tomando o remédio tal indicado pela vizinha. E muitas vezes apavorada com os conselhos que a amiga ou parenta lhe deu dizendo que procure o médico imediatamente porque aquela criança está grave e começam a soltar diagnósticos para a mãe insegura. “Leucemia começa assim”. “Eu tinha uma prima que ficou tuberculosa e começou como ele”. Isso também ocorre com os adultos entre si. Certas pessoas distribuem “conselhos” por necessidade interior, por um mecanismo de compensação para “disfarçar” ansiedades, conflitos, revelando também imaturidade emocional, estas emitirão opiniões fáceis, superficiais, erradas, sobre quaisquer assuntos.
“Escute Pedro, eu soube que o seu SPC está comprometido”. “Vou lhe dar um conselho: pague com cheque especial; é melhor do que ficar sem crédito. Sua mulher foi quem me falou e eu fiquei preocupado”. Disse um amigo ao outro. E o Pedro, enraivecido, respondeu-lhe: “Meu amigo, agradeço o seu conselho, mas eu não estou nada comprometido com o meu SPC. O que eu estou alterado e que minha mulher deve lhe ter dito, pois, fique preocupado, é o PSA da próstata”. Apesar do engano evidente, seu João, amigo do Pedro, não perdeu tempo. “Ah, é a próstata? Então tome chá da folha da carambola”. E saiu todo feliz certo de que era um grande conselheiro. O caso do João é comum em nossos dias, apesar de estarmos em plena era dos antibióticos, da internet, das viagens interplanetárias.
Será então errado pedir e dar conselhos?
É evidente que não! Muito pelo contrário, pedir e dar conselhos é coisa natural, até benéfica. O problema é saber-se a quem pedir e de quem ouvir o conselho. É evidente que tais conselheiros devem ser portadores de um gabarito respeitável, de experiência e conhecimentos dentro de sua respectiva área de atividade. Só assim, suas opiniões, suas sugestões, seus conselhos merecem crédito e respeito.
Portanto, vamos vivendo nossa vida sabendo que estamos rodeados de conselheiros de última hora, mas, que podem com seus conselhos, até com boa vontade, piorar a situação de alguém desesperado.
Que digam as jovens mamães, com seus filhos recém-nascidos e recebendo a todo hora conselhos das visitas e dos parentes próximos, orientando como deve ela agir, das formas as mais engraçadas possíveis.

Postar um comentário

0 Comentários