COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO

ERA TEMPO DE SÃO JOÃO
(PARTE II)
Quando davam 10 horas se preparavam todos para ir ao baile de São João (no Clube dos 30), eu pequeno ficava com a empregada, era cair na cama e dormir que nem um anjo.
No outro dia ficávamos contando os dias para que chegasse o dia de São Pedro, quando chegava o dia de São Pedro, minha avó fazia a mesma meã, porém, na rua somente uns 80% das casas faziam fogueira, o prestigio de São Pedro era menor que São João. Como não havia baile, o pessoal ficava mais tempo em nossa casa, então meu avô iria soltar os seus foguetões, que eram coloridos e outros com tiros, pois embora não gostasse de bomba ele gostava dos foguetes, e só soltava no São Pedro. Ficava a meninada a admirar aquelas lágrimas no céu, aqueles tiros de pistolão, era muito bonito, e todos nós dizíamos que quando crescêssemos iríamos também soltar foguetão.
Fui crescendo e começando a fazer outras brincadeiras no São João, a que era mais perigosa e nossos pais não queriam de jeito nenhum que nós brincássemos era soltar ROQUEIRA, a ROQUEIRA consistia em um pedaço de cano cilindro oco no meio no qual nós colocávamos pólvora e com um prego pendurado no arame, introduzia este prego dentro do orifício e batia com ele o meio fio, o atrito do prego com a pólvora, causada um grande estrondo, era um estrondo maior que uma bomba, porém existia um grande perigo, pois muitas vezes devido à explosão ser muito grande o prego se soltava do arame e voltava em direção do menino que estava soltando de alguém que estava passado.
Outra brincadeira consistia em detonar fogueiras, e isto consistia em colocar dentro de uma fogueira uma bomba grande que quando o fogo acendia o seu pavio, ela estourava e voava pedaços de madeira e carvão para todos os lados, nós fazíamos isto nas outras ruas, e quando não tinha ninguém olhando, pois nós jogávamos a bomba e saiamos correndo, só se ouvi o estrondo, então todos nós dávamos uma sonora gargalhada.
Outra brincadeira era a tomada de alguém para compadre de São João, isto se dava com um amigo mais próximo. Quando a fogueira estava quase em cinzas, nós convidávamos o menino para ser compadre e isto consistia em ficar cada um de frente para o outro e a fogueira no meio, então, dávamos as mãos e pulávamos de um lado para o outro, dizíamos “SÃO JOÃO DORMIU, SÃO PEDRO ACORDOU, VAMOS SER COMPADRE, QUE SÃO JOÃO MANDOU”, cada frase desta iria ser dita a cada pulo de um lado para o outro, no final nos abraçávamos e começávamos a chamar o outro de compadre e vise versa.
A idade vai chegando e as coisas vão mudando, já começava a me aventurar fora da nossa rua, indo olhar as quadrilhas e também os palhoções, o palhoção do comércio era feito por Bosco Presideu e se chamava “O FERRO VELHO”, e a ali que os jovens da sociedade iriam brincar durante os dias que antecediam o São João e depois do São João. Na Rua José Amaral tinha um bom palhoção que também era freqüentado pela rapaziada, eu já querendo ganhar pena, querendo namorar, ia quase toda noite para os palhoções.
No colégio das freiras existia a quadrilha do colégio era a oportunidade de namorar as internas, pois durante todo mês de junho havia ensaios e era nestes ensaios que nós namorávamos as internas, era muito bom, excelente.
Uma das mais tradicionais quadrilhas de nossa cidade era a da rua do caboje, que era organizada por seu Amâncio, e todo domingo havia ensaio no sitio dele lá na caixa d’água, o casal de noivo era o senhor Malafaia (pai de Maria e Cal Malafaia) e São (que até hoje ainda mora na mesma casa na rua do caboje), meus amigos leitores vou lhes confessar uma coisa, pensem num casal feio, depois multiplique por 10, então ai você vi encontrar a feiúra dos dois, porém era essa a feiúra que iria dar graça ao casamento, quando seu Amâncio acabou a quadrilha a rua iniciou o “ARRAIAL SUMA HUMA”, que foi durante a sua existência o melhor arraial de nossa cidade.
Ao entrar o governo de Gervásio Matos, ele iniciou o FORROBOM e ai é outra história.

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