COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO


ALEXANDRE TENÓRIO
HISTORIADOR
ERA TEMPO DE FINADOS
Antes da revolução de 1964, a quantidade de feriados eram muito grande, e os dias 1 e 2 de novembro eram feriados, respectivamente, dia de todos os santos e dia de finado. Depois da constituição de 1964 houve a abolição de vários feriados inclusive o de todos os santos. Em nossa cidade estes dois dias eram dia de dor e sofrimento, toda a população usava a cor preta, em sinal de respeito aos entes queridos mortos, as rádios só tocavam musica clássicas, não havia bebedeira, o sentimento era realmente de luto fechado, o cemitério de Santa Marta de enchiam de pessoas ao longo do dia, havia uma missa de manhã e outra à tarde. Lembro-me muito bem, a minha Avó Berenice fazendo os preparativos para o dia de finados, mandava fazer varias grinaldas, mandava pelos os carroceiros, vários pés de plantas, ela enfeitava devidamente a nossa catacumba, e freqüentava de manhã e a tarde, meu avô seu José Correntão ia só pela manhã.
O conceito de morte dos mais antigos era realmente um momento de reflexão e dor, a perda de um ente querido era algo que arrasava a família, e durante 1 ano a família ficava de luto, nós 6 primeiros meses a família usava luto fechado, após 6 meses eles iam aliviando o luto, as mulheres iam usando já roupas que continham branco e os homens começavam usar no bolso ou na lapela um fumo preto, que indicava a perda de um ente querido. O tempo foi passando e a agitação dos dias atuais fez com que a morte tenha uma nova referencia, ou seja, morrer passou a se algo natural faz-se o velório enterra o difundo e naquele momento há realmente um sentimento de dor, mais praticamente ninguém usa luto, somente algumas pessoas mais velhas é que realmente usam luto. Vem à missa de 7º dia tem muita gente, há de 30 dias tem a metade e a de ano tem 10% da missa de 30 dias, e se inventarem de fazer missa de 2, 3 ou mais anos só vai à família mesmo.
A agitação da vida moderna não deixa tempo para chorar os seus mortos, isto faz com que no único dia dedicado aos mortos, as pessoas de hoje reverenciam seus mortos como eram reverenciados no tempo mais antigo, excluindo a musica clássica nas rádios e a vestimenta preta, fica tudo como era antes. O dia de finados de hoje é o mesmo dia de finados de antigamente, o cemitério enchesse de pessoas, tem missa de manhã e a tarde.
O primeiro cemitério de nossa cidade ficava bem perto da Praça Dom Pedro II. Arnaldo Dias quando foi fazer o seu prédio encontrou vários ossos de pessoas, fazendo crer que ali era que ficava o antigo cemitério. A vila vai crescendo e é necessário um novo cemitério, é quando é construído o cemitério de Santa Marta, que ficava bem distante do centro da vila, porém a vila estava crescendo e logo passaria a cidade e ele já passou a não ser tão distante assim.
Nasci e me criei ouvindo que a primeira pessoa que foi enterrada no cemitério de Santa Marta foi assassinada pelo o meu Trisavô José Feliciano Dos Santos, que ficou por este crime vários anos preso em Fernando de Noronha, e ele já velho sempre dizia que “não devia bater na cara de um homem”, morreu com 111 anos.
Houve duas expansões do cemitério, uma foi na década de 80 pelo o padre Carício, ele puxou para par frente o cemitério, a outra no governo de Daniel Brasileiro, ele comprou 10.000 m2 atrás do cemitério e fez uma grande expansão, com isto desafogou a parte principal, pois o cemitério já não suportava mais ninguém, já estava sendo enterradas pessoas nos distritos. Na passagem da febre espanhola em nossa cidade, nós anos 1917 a 1918, a quantidade de mortos foi tanta que as pessoas eram enterrada em vala comum, estimasse que mais de 2 mil pessoas tivesse sucumbindo pela a gripe em nossa cidade.
Há relato de que varias pessoas foram enterradas ainda vivas, porém como a mortandade era muito grande ao se constatar o falecimento de alguém, providenciava imediatamente o seu sepultamento. O caso mais notório de nossa cidade de defunto enterrado vivo foi o caso de Zé Bebinho, que ao ser despejado dentro da cova, se levantou e causou a maior correria dos presentes.
ATÉ A PRÓXIMA SEMANA!

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