COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO

Alexandre Tenório - escritor
ERA TEMPO DE CARNAVAL
(PARTE IV)
Uma das características do nosso carnaval de rua era que as casas recebiam os blocos. Um mês antes do carnaval, os blocos mandavam para as casas que eram escolhidas, um ofício solicitando que eles fossem recebidos, diziam o dia e a hora que eles iriam passar dificilmente estes ofícios não eram aceito, cada bloco designava umas quatro casas por dia em variados pontos da cidade, quando eram uma 10 horas da manhã o bloco iniciava a sua jornada, só terminando uma 4 horas da tarde, o local da dispersão era sempre a Praça Dom Pedro II, a maioria ia embora e alguns poucos ficavam ainda na praça até o anoitecer.

Embora o quartel general da folia fosse a Praça Dom Pedro II, a nossa cidade tinha gente brincando carnaval em praticamente todas as ruas, onde você passava tinha um bloco circulando por uma rua.
Lembro-me muito bem que de manhã os meus avôs seu José Correntão e dona Berenice ficavam na loja com uma porta aberta vendendo talco Jóia e promessa. À tarde eles vinham apreciar o carnaval e ficavam na loja, onde logo se concentravam os amigos, e ali se formava uma roda para falar de carnaval e de política.
Ficava uma banda tocando na Praça até 6 da noite, com pouco tempo depois de terminado a apresentação da banda a praça ficava deserta, pois todos saiam para suas casas, onde iam descansar para o baile no clube dos 30.
Lembro-me que num sábado de Zé Pereira, saiu pelas ruas um caixão de defunto tendo dentro o nosso amigo Zenildo nogueira e na frente vestido de Montezuma o nosso amigo Arnaldo de Naduca tocando um surdo, quando chegou ao ouvido de seu Zé Preto pai de Zenildo o que estava ocorrendo, ele foi atrás do cortejo e botou todo mundo para correr. O bloco de dona Gilda, era formado em grande parte pelos remanescentes do bloco da turma do funil, tinha como principal membro o meu tio Zé Milton que com seu macacão amarelo com vermelho e um balde d água botava todo mundo prá correr, até noiva ele molhou de água. A turma de dona Gilda tinha como principal característica o mela-mela, era ovo estourado na cabeça, pasta de sapato, maisena, araruta, manga, colorau, quando a gente terminava o dia, estava uma verdadeira porcaria, e dava um trabalho desgraçado para limpar, pois tinha de chegar todo arrumadinho para o baile do clube dos 30.
Outra característica dos carnavais mais antigos era os apitos que colocavam no cano de escape dos carros, que quando acelerava fazia uma zoada bem característica, o carro mais procurado para se brincar o carnaval era o velho e bom JEEP, tirava-se a capota arriava o pára-brisa e colocava-se o apito no cano de escape e estava pronto para brincar o carnaval.
ATÉ A PRÓXIMA SEMANA!

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