COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO

Alexandre Tenório - Historiador
IVAN CRESPO
Nesta quarta-feira dia 11 de dezembro de 2013, faleceu em Recife Ivan Crespo (O Gordo). A história de Ivan se confunde com a história, política, social e econômica de nossa cidade.
As 16 anos viu seu pai morrer num ataque fulminante de coração, e teve de assumir sozinho o comando da família. Para supressa de todos, Ivan se tornou um homem de responsabilidade e levou a sua família a um status social e financeiro dos mais altos em nossa cidade.
Ivan era um jovem com condições melhores que os outros jovens, o melhor carro, a melhor roupa etc.
Ivan sempre foi um bom bebedor, tomava Uísque como quem toma água, colocava a dose e fazia-a descer de goela abaixo o precioso liquido. Digo sem medo de errar “ninguém em nossa cidade, bebeu mais Uísque que Ivan”.
Ivan fumou até perto de morrer, sabia que fazia mal, mas o vício era mais forte que ele, e sem dúvida foi o fator determinante para sua morte.
Foram 75 anos vividos exclusivamente em nossa cidade, ele amava a nossa cidade e só queria o melhor para ela, e isto foi um fator determinante para o reconhecimento de todos os bom-conselhenses como sendo ele um dos mais importantes habitantes de nossa cidade no século xx. 
Ivan era muito vaidoso, e como empreendedor ele se destacava, foi assim quando assumiu o comando da LOJA MAÇONICA “SEGREDO E CARIDADE”.
Ivan com força e presença de espirito fez o maior bingo que nossa cidade já viu, e com isto conseguiu arrecadar o dinheiro para erguer o PALÁCIO da loja maçônica (um dos melhores do Brasil).
Ivan, juntamente com sua Irmã Ivete colocaram uma das melhores lojas de variedade que nossa cidade já teve o “MINI CENTER”, em seguida colocou uma grande loja de material de construção o “CONSTRUCENTER”, além de ter a melhor farmácia de nossa cidade a “DROGARIA CRESPO”.
Ivan, então resolve dar um passo maior, foi ao BANCO DO NORDESTE e contraiu empréstimo para a implantação em nossa cidade de uma grande fábrica de doce a “ISCALI”.
Ivan começa a fábrica, com capital próprio, pois o dinheiro do banco estava chegando a conta-gotas, e ele enterrando seu capital na fábrica, em pouco tempo tinha descapitalizado o CONSTRUCENTE depois a DROGARIA, quando terminou a fábrica estava endividado e o dinheiro do banco mal dava para começar a funcionar, ainda funcionou um tempo, e, diga-se de passagem, era um doce de primeira qualidade, porém com o capital pouco, terminou fechando as portas e ficou uma grande dívida e também parte do seu patrimônio empenhado no banco do nordeste. Posso dizer que Ivan começou a morrer ali, pois tinha patrimônio mais não tinha renda.
Por muitos anos no São João ele fazia uma grande fogueira na Praça Dom Pedro II, era uma atração à fogueira de Ivan. Durante os festejos juninos descarregava junto com outros homens o seu bacamarte.
Embora gordo “Ivan dançava com uma leveza extraordinária” e toda jovem da sua época queria dançar com ele, pois ele era um exímio dançarino, sem sombra de dúvida o melhor dançarino de salão que nossa cidade já teve.
Ivan tinha uma raiva tremenda da família Tenório, e por capricho da natureza ele casou com uma Tenório (Sônia filha de Dezuito Tenório) e seus cinco filhos são Tenório.
Durante o carnaval era ele quem carregava o funil da TURMA DO FUNIL.
Tivemos durante nossa vida, vários arranca-rabos. Ele na sua santa ignorância e arrogância, querendo mandar em tudo e eu na minha teimosia, batemos de frente muitas vezes. Somente quando ele ficou já de idade e caiu um pouco mais a sua arrogância é que nós começamos a nos entender. Toda tarde sentávamos no banco que fica em frente ao meu estabelecimento comercial e ali íamos falar da vida alheia.
Com sua morte, nossa cidade e o nosso comércio ficou mais vazio.

No último sábado dia 31 de maio de 2014, fechava as portas a mais antiga farmácia de nossa cidade a “DROGARIA CRESPO” encerrando mais de 60 anos de atividade no ramo dos remédios.

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