Bom Conselho chega aos 131 anos de pura miserabilidade administrativa

Ermida de Santa Terezinha, Bom Conselho/PE
Imagem: Claudio Andre o Poeta

Três de agosto de 1892, três de agosto de 2023, Bom Conselho chega aos seus 131 anos de emancipação política. O que comemorar? Tem algo para comemorar?

O que foi uma fazenda no passado, tornou-se vila e depois cidade e passado esse tempo todo, realmente Bom Conselho evoluiu? Cresceu? Desenvolveu? 

Bom Conselho que tem potencial turístico e cultural e um povo acolhedor, conseguiu com o passar dos anos, das décadas, ser bem cuidada administrativamente? Se analisar o atual momento, responderá que não.

Neste aniversário de emancipação, os jovens desempregados e desiludidos e que não tem "boquinha na prefeitura", tem o que comemorar?

Os pais de família que precisam ir para bem longe para conseguir o pão de cada dia, tem o que comemorar nesse dia 03 de agosto? As pessoas que são usadas como "moeda eleitoreira", podem comemorar algum tipo de liberdade?

Uma reflexão é importante, sim. Não custa você se perguntar e ter um olhar autocrítico sobre o momento que vive a terra de Papacaça. Qual o tipo de presente que Bom Conselho merece neste dia tão importante para os bonconselhenses?

Ruas e praças as escuras? Previdência falida? Obras inacabadas? Lixo e buraco por todos os cantos do município? Postos de saúde sem médicos e remédios? Mercado da farinha sem energia? Trânsito desorganizado? Geração de emprego e renda, zero? Dois prefeitos que "nada" fazem? Discursos vazios?

Afinal, qual seria o melhor presente para Bom Conselho? Um povo livre das "amarras eleitoreiras" ou uns minguados "manipulados" ou simplesmente um a farra musical com o brilho apenas da lua (se nao tiver chovendo)?

Lendo o livro RAÍZES de Artur Carlos Vilela escrito no ano de 1967, logo no início encontrei o seguinte relato:

... E agora, depois de tão longa ausência — em 1935 fui rapidamente a Bom Conselho ver pela última vez minha adorada avó Mãe Chiquinha — íamos passar uma temporada em nossa terra, para revermos os lugares da nossa infância e mocidade.

Após três dias de excelente viagem, desembarcamos na capital pernambucana. De lá para Bom Conselho levaríamos mais seis horas de ônibus.

Não é possível descrever a emoção e ansiedade que me tomavam, enquanto o ônibus devorava os quilômetros aproximando-se da nossa terra. Ao chegar os sentimentos mais diversos me assaltavam: alegria e ao mesmo tempo tristeza; surprêsa e decepção. Sim, aii estava a minha cidade — o colégio de Nossa Senhora do Bem Conselho, o Quadro, a Matriz. Havia crescido, com o número de casas muito aumentado. Mas não tinha aquele aspecto brilhante do meu tempo. Estaria a cidade diferente ou seria eu quem havia mudado?

Depois de alguns dias de permanência, vi com pesar a pobreza, a sociedade decaída, o comércio enfraquecido. E pus-me a pensar: que dirão meus filhos e meus netos se um dia chegarem até aqui? Eu sempre lhes conto tantas coisas passadas em minha terra e êles verão esta cidade tão sem atrativos! Não, o lugar da minha mocidade não era êsse. 

Era alegre, sacudido por campanhas políticas, onde se realizavam grandes feiras, procissões, cavalhadas, reisados, bailes tradicionais promovidos pelos ricos fazendeiros e onde havia até sociedades Artísticas e Literárias. Famílias tradicionais, entre as quais sobressaía-se a família Villela, que fundou a cidade...

Será que se o Carlos Artur Vilela tivesse a oportunidade de voltar a Bom Conselho hoje, não faria o mesmo tipo de desabafo feito a 88 anos passdos?

Em síntese, Bom Conselho chegou aos 131 anos sem ter o que comemorar e descendo uma ladeira de maneira desgovernada administrativamente...

Como morador desta cidade há 15 anos, gostaria muito de estar relatando aqui dias melhores nos atuais vividos.

Feliz aniversário Bom Conselho!

por Cláudio André O Poeta

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