Autores alagoanos têm dificuldade de vender livros.

Fazemos por amor. Ganhar dinheiro nem pensar. Pelo contrário, temos que ter um pouco de dinheiro para gastar”. É assim que o professor e historiador Douglas Apratto resume a vida de um escritor em Alagoas. Com o mercado editorial apenas “engatinhando”, esses profissionais, que nos convidam a uma fantástica viagem a cada página de suas obras, sentem na pele a dificuldade de escoar suas produções no mercado.
Figuras carimbadas quando o assunto é produção e publicação de obras em Alagoas, ele e a professora Cármen Lúcia Dantas são enfáticos ao afirmar que o problema maior não passa pela publicação – onde também existem dificuldades, principalmente para os novos autores –, mas pela venda dos livros. Faltam livrarias e pontos de venda onde as obras possam ser comercializadas. E quando surge a oportunidade, o autor praticamente tem que pagar para vender seus livros.
“Nós não temos em Alagoas um mercado editorial sólido que dê uma tranquilidade ao escritor. O que temos são as produções independentes e as que são publicadas por instituições dispostas a patrocinar a publicação. Mas um mercado editorial onde tenhamos uma relação profissional está ainda engatinhando. Nós já sentimos um empenho da Editora da Ufal e da Cepal, mas ainda somos muito carentes de um profissionalismo nessa área, até para termos como comercializar o livro. Aqui não temos como colocar o livro no mercado. A livraria que fica instalada em Maceió não aceita produções independentes, a não ser que tenha uma grande vantagem para ela”, afirma Cármen Lúcia.
Diante de tal dificuldade, os autores alagoanos acabam se realizando apenas pelo fato de ter a obra publicada, sem ganhar nada por isso. “Muitas vezes, nós ficamos com uma grande quantidade de livros em casa, sem ter a quem vender ou distribuir. Praticamente não temos comercializado. Fazemos porque gostamos. É uma questão de amor”, conta Cármen Lúcia.
Mesmo reconhecendo que as dificuldades para quem está apenas começando na carreira de escritor são bem maiores que as enfrentadas por eles – que juntos já possuem oito livros publicados –, a dupla afirma que é também a falta de escoamento o principal obstáculo ao surgimento de novos títulos de autores alagoanos.
“O problema não é só publicar, até porque tem gente disposta a arcar com todos os gastos. Até pela facilidade de parcelamento que existe hoje. Mas todos esbarram no problema do escoamento. Alagoas possui bons escritores e uma grande demanda de leitores, formada principalmente pelo público universitário, o que faltam são os pontos de venda onde as obras possam ser adquiridas”, diz o professor Douglas.
O trabalho, que vem sendo realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e pelo Sebrae, no sentido de reeditar obras de importantes alagoanos, é apontado pelos professores como sendo de grande importância para o mercado editorial, mas a necessidade de um incentivo maior para os novos autores também é destacada.
“Para quem tá começando, é difícil porque não há uma política das instituições para abrir caminho para os novos. Nesse Governo, você tem tido uma preocupação muito grande com o resgate de obras importantes, mas há a necessidade de uma abertura para os novos escritores”, conta Douglas Apratto.
Além dos oito livros publicados em conjunto, Douglas Apratto possui outra sete obras e Cármen Lúcia, quatro. Atualmente, os dois trabalham juntos na produção de um novo livro, que vai abordar a presença dos holandeses no Estado. Para cada obra, é necessário que haja, no mínimo, um ano de trabalho.

OPINIÃO DO BLOG: Se os medalhões da literatura alagoana tem este tipo de reclamação, imagine eu. Tenho dez livros publicados, todos produção independente. Juntando os 10 livros publicados vendi mais de 12 mil exemplares, sendo em escolas, repartições públicas, comércio, universidades e aonde tinha gente. Consegui uma premiação no ano de 2009 pelo Ministério da Cultura através do Programa Mais Cultura e outras premiações. Concordo com os nobre poetas quando se diz que escrever tem que ser por amor e é verdade que existe a falta de incentivo. Uma grande editora sós e interessa por autores de renome e que tenha um plano de mídia que favoreça a editora em pelo o menos 70%, fora isso nada acontecerá. O prazer de quem publica um livro é tê-lo comentado, lido, folheado, etc.

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1 Comentários

  1. Isso é triste porque revela um abismo muito grande entre a realidade de quem publica, de quem compra e de quem tem o hábito.

    Comprar livros é um hábito. Hábito de leitura.

    É necessário motivar, criar pontos comerciais; mas o importante é tornar os jovens leitores.

    Também não se pode esquecer que há a praga da pirataria que desmotiva muita gente a comprar, desvalorizando muitos autores.

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