COLUNA ENSAIO POR ALEXANDRE TENÓRIO


SEU SEBASTIÃO DO DOCE
Era baixo, forte, meia cabeleira, moreno, um bigodinho, e já tinha uns 50 anos quando começou na década de 70 vender na porta do Colégio São Geraldo seus doces. Ele tinha um carrinho que na parte de cima tinha três ou quatros variedade de doce. O doce que ficou na memória de todos nós, foi o doce de JACA de seu Sebastião, ele tinha a formula e ponto certo deste doce, ao longo de minha vida tenho comido doce JACA de vários doceiros, porém nenhum chega aos pés do doce de JACA de seu Sebastião.
A cor do doce era o amarelo queimado, você estava vendo que ali não foi usado nenhum corante, o cheiro que emanava do doce era algo sensacional, só o cheiro dava água na boca. Quando seu Sebastião partia o doce, a espátula descia macia sem encontrar nenhuma resistência de açúcar pedrado dentro, o açúcar colocado no doce, se homogeneizava com a popa da fruta e não açucarava, dentro do doce você sentia a liga que o tornava úmido, ligado. Nós, estudantes do São Geraldo, ficávamos esperando a hora do recreio para comermos o doce, e ele com aquela calma que lhe era peculiar atendia a todos da melhor maneira possível, não ficava ninguém sem comer seu pedacinho de doce de JACA. As barras de doce eram cortada em pedaços de 5cm de largura por 30 cm de comprimento, quando pedíamos o doce ele perguntava de quanto era o valor que nós queríamos, e dependendo do valor ele tirava milimetricamente aquele pedaço, até hoje nunca entendi como ele tinha a medida certa para cortar o doce, pois com ele, não existia aquela conversa que o meu ficou menor que o dele, pois todos tinha o mesmo tamanho do valor comprado, então ele cortava o doce e num pedaço de papel de embrulho cor marrom ele colocava o pedaço e nós saiamos comendo aquela gostosura esperando que não acabasse.
Quando voltávamos para a sala de aula, ele fechava o seu carrinho e ia vender o seu doce em outro lugar.
Seu Sebastião era figura obrigatória nos jogos do estádio Luiz Crespo, todo domingo lá estava seu Sebastião com seu carrinho de doce, fazendo a alegria da garotada.
Naquela época nossa cidade tinha dois grandes clubes: o ESPORTE do Alto da Vera Cruz e a ABA que era o time do centro de Bom Conselho. Todo domingo existia jogo, de um destes dois times. O time do Esporte tinha um grande jogador, era ponteiro esquerdo e tinha um chute fortíssimo, o nome dele era Zequinha, digo aos senhores que Zequinha hoje jogava em qualquer time do Brasil, ele era um craque de bola, e vinha de uma família de jogadores, seus dois irmãos mais velhos era também jogadores: Cica e Zezinho Macaxeira, porém o grande jogador era a casula Zequinha.  
O chute de Zequinha era mortal, se a bola fosse para dentro do gol, dificilmente o goleiro defendia. Pois bem, estava jogando o Esporte do Alto do Vera Cruz contra um time de Lagoa do Ouro, é quando Zequinha recebe uma bola cruzada de Neco e sem deixar ela cair ele emenda de primeira, a bola pega na veia, o chute é tão violento que furou a rede e acertou o carrinho de doce de seu Sebastião, a bola entrou no meio do carrinho abrindo um rombo e ficando presa dentro do carrinho. A algazarra foi total, quando vieram buscar a bola, seu Sebastião disse, só dou a bola quando pagarem o estrago do meu carrinho, então foi feito uma cota e com o dinheiro em mãos, seu Sebastião liberou a bola, daí por diante nunca mais ele quis ficar atrás do gol.
NO PRÓXIMO DIA 17 DE MAIO AS 19 HORAS NO AUDITÓRIO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO, ESTAREMOS LANÇANDO O NOSSO SEGUNDO LIVRO “ELEIÇÕES DE 2000, QUANDO UMA BURRINHA GANHOU DO TRIO ELETRICO”. A HISTÓRIA POLÍTICA DE NOSSA CIDADE PASSADA A LIMPO, PREÇO DO LIVRO R$ 20,00.

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